Rádio Cister

Os meios de comunicação descobriram duas crianças com problemas familiares e que em certo momento foram seguidas pela Segurança Social, que todavia lhes perdeu o rasto e, descobriu-se agora, não frequentaram nenhuma escola.

A minha convicção é que existem muitos milhares de crianças em condições semelhantes, que chegam ao ensino oficial obrigatório sem terem passado por uma creche ou pelo pré-escolar, ou passaram ocasionalmente mas sem continuidade.

Estas crianças, oriundas das famílias mais pobres e menos escolarizadas, com pior alimentação, chegam ao ensino oficial com grandes diferenças de desenvolvimento relativamente aos seus colegas oriundos de famílias com melhores recursos, nomeadamente  recursos intelectuais e dificilmente recuperam.

Vão alimentar, como trabalhadores, uma economia marginal de baixos salários, numa pobreza que receberam dos pais e transmitem aos filhos.

Haverá naturalmente excepções, que todavia não fazem a regra.

O Governo em vez de usar os modernos meios digitais que aconselha aos empresários, para seguir cada criança desde o seu nascimento e garantir uma sólida formação desde, pelo menos, os seis meses de idade, decidiu criar escolas especiais para tentar combater o insucesso escolar. 

O Governo do PS, como habitualmente, em vez de atacar as causas, ataca os efeitos. Não surpreenderá que os resultados sejam maus e os custos elevados.

A fase mais importante da formação das crianças reside nos primeiros meses de vida e nos primeiros anos. Isso é dito por todos os especialistas. 

O insucesso escolar, que é uma tragédia nacional, desde o ensino obrigatório à universidade, tem aí a sua origem. Todavia, o Governo reduz as propinas na universidade em vez de se preocupar com os primeiros anos de vida das crianças.  

O Governo não se preocupa que seja mais cara a  mensalidade numa escola do pré-escolar privada do que as propinas universitárias. 

O Governo não sabe, ou não quer saber, que a pobreza e a ignorância que povoam a nossa sociedade e a nossa economia, têm origem e reproduzem-se nas famílias. 

Muitas dessas crianças, são as centenas de milhares de trabalhadores que recebem o salário mínimo de 600 euros por mês. Outras nem isso.

Entretanto o Governo preocupa-se com as casas de banho de uma ínfima minoria das crianças transsexuais, que merecem atenção, mas sem esquecer os muitos milhares que não vão à escola.

Se alguém tem dúvidas do que digo, que os professores façam inquéritos no primeiro dia de aulas para estudar os conhecimentos e a preparação das crianças que iniciam a sua vida escolar. Logo verão.

Henrique Neto

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