Nós, Cidadãos! e AÇORES – REGIÃO AUTÓNOMA
Os Açores, nove ilhas de origem vulcânica — 2337 km2 de terra firme e 181 500 km2 de espaço marítimo (Zona Económica Exclusiva) — reunidas em três grupos geográficos (oriental: Santa Maria e S. Miguel; central: Terceira, Graciosa, S. Jorge, Pico e Faial; ocidental Flores e Corvo) —, são um arquipélago português situado nos cumes da grande cordilheira meso-dorsal do Atlântico Norte (36o 55’/39º 45’ N — 25º/31º O).
Os Açores situam-se em posição central no Atlântico Norte, assumindo uma situação estratégica decisiva nas respetivas rotas marítimas, submarinas, de comunicações e de controlo e navegação aérea. A posição das ilhas confere ao Estado português uma capacidade de negociação importante
Tendo desempenhado importante papel nas viagens quinhentistas, seiscentistas e de retorno das carreiras da Índia, especialmente através do porto de Angra (cognominada do Heroísmo por D. Maria II e hoje Património Mundial), os Açores assumiram decisivas ações em momentos cruciais da História de Portugal e do Mundo, v.g. na resistência ao domínio filipino e no processo da Restauração, nas Lutas Liberais, na Segunda Guerra Mundial (apoio logístico aos Aliados) e durante os conflitos no Médio Oriente. Na ilha Terceira permanece a muito estratégica Base Aérea Portuguesa das Lajes, partilhada com os Estados Unidos.
Região Autónoma constitucionalmente consagrada na sequência da Revolução de 1974 e de históricas aspirações do seu Povo, e hoje dotados de Estatuto Político-Administrativo e de órgãos de Governo próprios (Parlamento e Executivo) — que, apesar de persistentes carências, constrangimentos e custos de insularidade (v.g. nas áreas dos Transportes, Indústria e Serviços), lhes tem assegurado significativos progressos, investimentos em infraestruturas básicas e surtos de Desenvolvimento — os Açores, com uma Universidade, tem dado ao país destacados vultos na cultura, na literatura, na arte, no pensamento, na religião e na política, v.g. Gaspar Frutuoso, António Cordeiro, Antero de Quental, Hintze Ribeiro, Teófilo Braga, Manuel de Arriaga, Domingos Rebelo, Francisco Lacerda, Dacosta, Vitorino Nemésio, Natália Correia e José Enes.
Sem os Açores, Portugal não seria o mesmo. Em diversos períodos históricos — 1580, 1640, 1808, 1829 e Segunda Guerra Mundial — tiveram posição determinante nos nossos destinos, não sendo de afastar a hipótese de, no futuro, assumirem novos papeis de salvaguarda da nossa identidade, nomeadamente os que se prendem com a promoção da Zona Económica Exclusiva nacional e com a projeção da plataforma continental.
Do ponto de vista científico, o meio universitário açoriano confere-nos a oportunidade única de estar no centro das investigações científicas de vulcanologia, sismologia e oceanografia.
As particularidades climáticas dos Açores e a sua diversidade biológica, associada a um ambiente muito preservado, posicionam as ilhas como importantíssimo produtor de géneros lácteos e carne de qualidade única, e de uma vasta gama de produtos tropicais no Atlântico Norte como sejam o tabaco, o chá e frutas tropicais. A variedade florestal é assinalável. O turismo açoriano tem progredido lenta mas positivamente, em especial na análise e visita da natureza.
A diáspora açoriana nos EUA (Califórnia e East Coast), Canadá e Brasil excede em muitas vezes a população insular, atingindo prestígio nos países de residência e até uma assinalável presença em quadros culturais, como seja a indústria do cinema em Hollywood.