Eleições Europeias – O Juiz Carlos Alexandre
A corrupção em Portugal não cessou de crescer na primeira década deste século, sem que nenhum político influente, banqueiro, magistrado, jornalista ou quadro superior da administração pública ou privada, civil ou militar fosse incomodado, bem como os seus familiares.
Foi sob este tenebroso cenário que “nasceu” uma nova geração de oficiais da Justiça que, com coragem e determinação, entendeu pôr fim à pilhagem, enfrentar os lóbis instalados e patrioticamente entreabrir, senão mesmo arrombar, os portões dos ricos e dos poderosos: aquilo a que chamei a “revolução silenciosa” da Justiça Portuguesa.
Temos vindo contudo a assistir, nos últimos meses, à decapitação dessa “cadeia de comando”: decorre hoje, sob os nossos olhos, um “golpe de Estado de Direito em câmara lenta”, na aparência conduzido por alguns dos mais altos dignitários da Nação.
Perante esta realidade, que tudo indica conduzir a uma “amnistia geral” de criminosos e ao sacrifício profissional daqueles que ousaram ser dignos, e depois de ouvir dezenas de personalidades de relevo na sociedade portuguesa, entendi ser dever desafiar o Juiz Carlos Alexandre para assumir as suas posições de sempre, em novas trincheiras, com o Nós, Cidadãos!
Trincheiras num Tribunal Europeu que hoje muitos recomendam na UE e em que entendíamos, e entendemos, que o seu contributo, amplamente reconhecido por centenas de milhares ou mesmo milhões de portugueses, poderá ser mais muito útil ao nosso país e ao nosso povo.
Em resposta, o Juiz Carlos Alexandre pediu algum tempo de reflexão: por nunca ter imaginado “vestir outra camisola” senão a de emérito e respeitado juiz português; porque a sua “transferência” poderia ser tomada como uma deserção; e, sobretudo, porque nunca escapará à acusação de oportunismo que os seus detratores irão propalar.
Mas também será útil que recorde que, enquanto cidadão, o Juiz Carlos Alexandre continua na posse de todos os seus direitos cívicos, de que não prescinde. A sua vida não tem sido fácil, obrigando-o a tomar decisões de carácter inadiável e a envolver-se em novos casos que, mexendo com a sua consciência de ferro, têm protelado decisões de fundo. Mas, como ele sempre disse, “o futuro a Deus pertence”.
Ainda esperamos que o “futuro” nos possa trazer novos dias de esperança, com o nosso erário ao serviço do desenvolvimento do nosso país e não à mercê da ganância e do populismo de quem, todos os dias, tudo faz para que a justiça não funcione e para que a culpa morra solteira.
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