2019: um ano em aberto para a Lusofonia
Este ano começou com a tomada de posse do novo Presidente do Brasil, Jair Bolsonaro. Para além de todas as polémicas que decorrem do seu perfil político, continuamos a notar uma omissão maior no seu discurso – mesmo na sua tomada de posse, Jair Bolsonaro nada disse sobre a ligação do Brasil com Portugal e os restantes países de língua portuguesa.
Ao contrário, Jair Bolsonaro parece insistir numa visão completamente auto-centrada, “nacionalista”, como se o Brasil, pelo seu gigantismo, pudesse ser de facto auto-suficiente. Essa é de resto uma tentação recorrente e que decorre desse gigantismo. Por razões óbvias, são os países mais pequenos da CPLP: Comunidade dos Países de Língua Portuguesa que mais têm valorizado a nossa Comunidade Lusófona. O Brasil, volta e meia, parece dar a entender que a dispensa.
São os países mais pequenos da CPLP: Comunidade dos Países de Língua Portuguesa que mais têm valorizado a nossa Comunidade Lusófona. O Brasil, volta e meia, parece dar a entender que a dispensa.
Esperemos porém que esse auto-centramento decorra sobretudo da magnitude da crise interna em que o Brasil tem vivido e que, em breve, o Brasil reafirme a sua aposta na sua ligação com Portugal e os restantes países de língua portuguesa. Temos fundada esperança nisso, até porque sabemos que algumas pessoas da sua equipa governativa têm igualmente esta nossa visão.
A esse respeito, não podemos deixar de saudar o comportamento exemplar do Presidente de Portugal, Marcelo Rebelo de Sousa. Contra algumas vozes que propunham que Portugal não se fizesse representar na tomada de posse, como se Portugal tivesse que ficar agora refém de algumas agendas partidárias, Marcelo Rebelo de Sousa representou condignamente Portugal e teve o discurso que se impunha: não falando apenas da ligação entre Portugal e o Brasil, como da importância particular do Brasil para a CPLP. Daí também o significado da presença do Presidente de Cabo Verde, Jorge Carlos Fonseca, Presidente da CPLP em exercício.
Escusado seria dizê-lo, por ser (ou dever ser) por demais óbvio, mas como vivemos tempos em que cada vez mais se põe em causa o óbvio, afirmamo-lo com toda a convicção: a ligação entre Portugal e o Brasil é uma ligação estrutural entre países, mais do que isso, entre povos, unidos por profundos laços de língua, de história e de cultura; não é uma ligação que deva depender de figuras, por mais polémicas e/ou carismáticas que sejam, nem, muito menos, de afinidades ideológicas, sempre circunstanciais. Que o ano de 2019 comprove tudo isso, eis o nosso voto, saudando todos os cidadãos lusófonos.
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